terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O ser desistente...

Mudanças. Há sempre o dia em que o crescer se torna necessário. Contudo, nem os cientistas sabem dizer qual dia é este. As discordâncias sempre percorrem o "arranjar um emprego" ou "criar um filho".Pois eu ainda discordo. Acho que o crescimento acontece quando aprendemos a desistir. Sim, desistir. A palavra soa negativa, mas nem sempre o é. Desistir faz parte da vida, do crescimento. Saber qual o momento de trilhar caminho novo, de enfrentar o amanhã diferente é algo que exige muito mais estômago que trocar fraldas e muito mais pulso que um relatório estagiário. Há aqueles que apanham pois não entendem que a desistência não significa covardia, mas há aqueles que apanham mais, pois hipervalorizam a desistência, e aplicam a tática de jogar a toalha em absolutamente todas as ocasiões. Já disse Clarice que " O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo".
E para isso, não é necessário pulso e muito menos estômago,só uma pitada de inconsciência e um mar de desespero.É incrível a capacidade do homem em desistir do necessário. Desistiram de nossas crianças, desistiram da educação, desistiram da saúde.Não é discurso da classe média,não. Muito menos de companheiro. É discurso de um jovem, que mal abriu os olhos para o mundo e já se deparou com muitos desistentes, derrotistas. Quando Clarice disse desistir de si mesmo, se referiu a essência do próprio ser. Não à carne, comestível, palpável.Ao ser, ser o que? Humano, enquanto jogador.Amorfo, quando desistente.
E você? Quem é?Faz parte da massa amorfa? Faz fila? Faz multirão com desacreditados, que têm medo do que não conhecem? Desista,mas desista do comum, desista do desagrado, desista da derrota, desista da vitória, desista de um sonho, de um grande amor. Mas nunca de si mesmo, daquilo que te faz humano, pensante, criador , errante, vitorioso e derrotado. Nunca desista do amor,não desse amor, de carne, de osso, de fogo. Nunca desista do amor nascido. Do amor criado. Do amor sem promessas, sem dívidas, sem juras.Nunca desista do próximo. Mas não daquele próximo bem próximo. Do próximo distante, que aparece numa quarta feira monótona na porta da casa batendo palma. Nunca desista de si mesmo, mas sempre lembrando que você não é um sonho, um amor, uma viagem. Quem é você? Não desista de descobrir.

2 comentários:

  1. Ewerton, como é bom poder acompanhar esse seu espaço aberto! Ler você neste texto me fez pensar em desistir para resistir - se desfazer de velhas armaduras para inventar novas armas. E escrever pode ser uma, né?!

    ResponderExcluir